terça-feira, 29 de abril de 2008

Quando os olhos parecem a boca,
não sei se a pessoa é muda ou cega:
está morta.

domingo, 27 de abril de 2008

O dia já vem tarde.
O nascer já é seu sangue espalhado
morto não canta, choro alheio
O meio-dia é tempo de vingança
pela morte, pelo fim, pela inércia...
amarelado
e o azul escuro empalidece a noite
e o azul pálido já nos mata
e é o fim, é o fim e é o fim
a madrugada já ser
um atraso luto pelo dia que vem...

25/04/08 - 13h46

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Na verdade não existe queda:
Cada pedacinho de ar revela
uma profundidade de porta
à qual você se agarra,
Indecisa dor de dedos presos
entre porta fechada e seu batente
a se espalhar por bunda, cotovelos...
A cabeça nunca abandonou o chão:
A dor é que é inevitável.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tira a testa dos ossos
que costelas não se debatem de agonia
Tira a testa de todos os ossos
Respira e acaricia os seios duros, sem sexo
As duas últimas costelas
e todos os outros ossos
até lhe restarem só idéias soltas.

LRP - 16/04/08 - 17h53

terça-feira, 15 de abril de 2008

Fragmento de um poema de Cristóvão Valente. In: Araújo (1618).

Miapé ybakygûara,
Apya-bebé remi'u,
xe 'anga rekópuku. (...)
Xe rekoteben rupîara,
esepîak xe mara'ara,
t'eresaûsubar xe 'anga.

Tradução a partir de Navarro (1998)

Celestial pão,
dos anjos, comida;
de minh'alma, longa vida. (...)
Inimigo de minha aflição,
de minha doença tem visão,
compadece-te de minh'alma.

sábado, 12 de abril de 2008



Um belo dia,
me vesti inteiro de azul escuro:
faço o lusco-fusco da minha própria manhã...
Ando sem-rumo no fim da tarde:
A beleza da vida é tão objetiva
que a minha só pode ser o crepúsculo de tudo.

01/04/2008 - 18h52 - LRP

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A realidade tão estranha que de cinco dados só consigo supor os seis lados do sexto; as faces pra cima, todas inimagináveis.

sábado, 5 de abril de 2008

"Sigo em busca de um ouro em que tudo se oculta", Jorge de Lima.


Se o olho do cão fosse de ouro
e se não fosse a vida curta das pilhas de lanterna
(e se eu não tivesse que trabalhar até para comprá-las)
Eu passaria todas as noites inteiras a procurar
cães que não fossem meus
para ver o ouro além do ouro
que é o brilho dourado no escuro de repente
Adivinharia a natureza de seus olhos durante sestas
e voltaria a noite a vasculhar o breu
à luz ultrapassada das lanternas à pilha
ouro ocular em olhos áureos de cães pardos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Te quiero tanto, amor.

Meduza

Meduza
, Dimitrije Popović.